A regra de ouro do bem viver é olhar para si mesmo e não se levar a
sério. Mesclando-se a inocência de uma criança com a sabedoria de um
adulto, tem-se então o Ministério Divino na Terra. Quem assim
procede, está livre dos dramas e das tragédias emocionais, pois percebe
que a última coisa que realmente tem relevância é aquilo que provém da
personalidade transitória.
Seja franco consigo mesmo para se autoconhecer. E no autoconhecer, seja neutro para consigo mesmo, transpassando os pormenores de todas as suas experiências. Cada lembrança, cada sensação, cada pensamento, tudo deve ser transpassado nessa jornada rumo ao seu centro. Mas mantenha-se desapegado daquilo que irá encontrando ao longo do caminho.
Eis então a razão para não ter a si mesmo como algo de importância cósmica. Você é importante como um beijo, mas não como um último alento de vida. Importâncias distintas, lembra? Logo, as trevas que surgem devem ser encaradas e dignificadas para que se autopurifiquem em si mesmas. Ria por tê-las criado, sorria para elas com ternura e olhe com sobriedade. A franqueza aqui se faz vital.
Absorva-se neste momento, dissolva-se em si mesmo enquanto adentra mais e mais nas profundezas de seu próprio vazio. O negrume interno é austero e melancólico à primeira vista, pois seus véus permitem que você veja apenas a luz superficial, a luz falsa dos olhos físicos. Mas na medida em que se encaminha de encontro ao seu verdadeiro lar, que repousa dentro do seu coração, a verdadeira luz, escura aos olhos, mas visível ao Eu Profundo, transformará para sempre toda a sua existência.
Não se obrigue a fechar os olhos do espírito, não se limite àquilo que você tem como concreto. Seus olhos físicos, por detrás das pálpebras, não devem focar-se em nada, pois eles são cegos, são inúteis para enxergar a verdade. Guie-se pelos olhos de dentro, os olhos da intuição, os olhos da abstração, os olhos da divindade presente e vivente no seu mais profundo ser.
Não tente enxergar, não tente ouvir, não tente sentir, não tente fazer, apenas seja. E permaneça absorto no grande vácuo de sua, agora dissoluta, mente.
Neste momento, flutuando no mar do nada, a verdade surgirá como um sopro caloroso da mais alta Hierarquia Consciencial. Entregue-se ao sopro, deixe-se vibrar em sintonia com a canção do universo, a canção do divino. É a canção mais bela que alguém poderá jamais ouvir e, no entanto, ouvidos não a podem escutar, apenas o Ser se deixa penetrar por ela. Aqui se tem a descoberta, a vivência, a elucidação sobre sua natureza, sobre aquilo que você tinha por morte.
O retorno deverá então manter a fagulha desperta dessa experiência, para que o mundo ilusório, o mundo das formas, dos sons e do espectro raso de cores, possa enfim ser compreendido e vivido de maneira consciente. Longe das ilusões e mitos criados pela mente, longe dos temores sobre a vida e a morte, causadoras e fomentadoras do medo, e o mais importante, longe de todas as mentalizações inúteis que agora se fazem tão tolas aos seus olhos, que sua simples menção já coloca um belo sorriso em seu rosto.
Pois agora Você É.
Marcos Keld
Fonte: http://blogpotencialidadepura.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário