Sejam Bem Vindos!!
Que o amor possa fluir em nosso ser nos dando capacidade de sabedoria e discernimento. Que todos possamos nos unir e levarmos a luz nesta corrente chamada vida.

domingo, 12 de setembro de 2010

Os anjos entre nós!


Anjos Entre Nós
O Anjo de Gale

Gale mergulhou, depois Danny, e ambos saíram nadando rumo à plataforma de madeira no extremo da área demarcada. Gale chegou lá antes de Danny, e saiu da água com um único movi mento ágil. Depois sentaram-se e ficaram olhando o barco onde seguiam Donna e Arnie, atravessando os limites marcados pela corda. Ele remava com força, fazendo o barco singrar a água em direção à outra margem distante.
Gale ficou um bom tempo a olhá-los. Finalmente, Danny tocou-lhe o braço:

— Vamos voltar? Eu aposto que chego à praia primeiro.

Ela não respondeu. O barco ia no meio do lago, deslizando facilmente para a frente.

— Eu vou até a outra margem — disse Gale.

— Por quê?

— Quero provar uma coisa.

— O quê? Que é a Supermulher?

Gale sorriu:

— Talvez.

— Está tentando impressionar Arnie? É isso? Tudo bem. Eu alugo um barco.

— Eu vou nadando — disse ela, pondo-se de pé.

— Eu sei, mas eu vou remando ao seu lado.

Gale abanou a cabeça.

— Eu não quero um barco.

— Ficou maluca? E se você cansar ou sentir cãibras?

— A Supermulher não precisa de barco.

E pulou na água como um peixe vermelho, dando braçadas sem levantar muita água e deixando atrás de si uma trilha suave formada pelo nado borboleta.

— Volte! — gritou Danny.

Vários nadadores que estavam por perto olharam para ele, curiosos. Danny mergulhou e pôs-se a nadar furiosamente em direção à praia, onde correu para o barracão que alugava barcos. O encarregado disse-lhe que todos os barcos estavam alugados, mas que um deles deveria estar de volta dentro de dez minutos. Danny ficou andando de um lado para o outro, olhando na direção do lago, onde um vulto continuava a nadar, afastando-se cada vez mais da praia. Cinco minutos. Nada de barco. Dez minutos. O vulto na água continuava a afastar-se, cada vez menor na distância. Doze minutos. E o barco não chegava.

— Por que esse barco não chega?

O encarregado deu de ombros.

— Nem sempre essa gente é pontual — explicou ele. Quinze minutos. E foi então que Danny avistou o barco — um rapazinho e uma menina, rindo enquanto manobravam para atracar. Em seguida, Danny entrou no barco, que balançava de um lado para o outro, e apanhou os remos. O encarregado deu-lhe um empurrão e Danny partiu remando.

Ele nem sabia ao certo se teria forças para chegar ao outro lado. Remar o mais depressa possível iria cansá-lo mais rapida mente, e talvez ele não chegasse a alcançar Gale. Mas, se fosse mais devagar, ela poderia afundar antes que ele chegasse perto. Era uma maluca! Tudo porque queria impressionar Arnie. Antes, ela nunca se interessara por rapazes, da mesma forma que ele não se interessava por garotas. Agora, ele estava interessado nela e ela estava interessada em outro cara.

Mas nada disso importava agora. Alguma coisa lhe dizia que ela estava se metendo em dificuldades, e acima de tudo ele não queria vê-la nesse tipo de dificuldades.
Gale continuava a dar braçadas regulares, mas diminuíra consideravelmente a velocidade. Estava quase na metade do lago, distância que calculava pelo tamanho das árvores em ambas as margens. Metade do caminho era o ponto de onde não poderia mais voltar. Não havia motivo para pensar em voltar naquele momento. A distância para continuar era a mesma. Mas ela lamentava um pouco não poder pensar em voltar. Porque estava cansada. A outra margem parecia-lhe desalentadoramente distan te. Na verdade, parecia-lhe quase não estar avançando. Não estava chegando mais perto: estava dando braçadas sem ira lugar algum. Erro. Não devia ter tentado a travessia. Devia ter deixado que Danny a seguisse de barco. Não tinha colete salva-vidas. Se descansasse nadando mais devagar, apenas levaria mais tempo para chegar, e, quanto mais tempo ficasse na água, mais cansada se sentiria. Se apenas se mantivesse à tona da água, movendo as mãos e os pés, não estaria avançando; estaria usando energia sem sair do lugar. O melhor era continuara dar braçadas, continuar a dar braçadas e chegar mais perto da margem.

Agora estava além da metade, mas a margem continuava longe. E ela estava se sentindo cada vez mais cansada. O fato era que... os seus braços estavam ficando pesados. Nadar, nadar, cabeça para o lado e para dentro da água. Respirar, respirar. Seria a fadiga? Era alguma coisa mental. Tudo produto da imaginação. Continuar a nadar.

Que horas seriam? Os braços estavam ficando realmente pesados. Por mais quanto tempo agüentaria? Eh... não podia afundar. Uma pessoa pode flutuar durante horas apenas usando-se a velha técnica de mover a cabeça. Podem amarrar-lhe as mãos atrás das costas e amarrar-lhe os tornozelos, e ainda assim ela não se afoga, basta movera cabeça de um lado para o outro e respirar lentamente, sem entrar em pânico. O corpo flutua naturalmente. Não pode afundar. Flutua naturalmente, subindo para a superfí cie da água. Não é preciso se preocupar. Não se pode afundar. É isso ai.

Continuar com as braçadas. Ela se sentia cansada, fatigada, e a margem continuava longe. Por que as coisas não pareciam mais próximas? Ela mal conseguia levantar os braços. Por que estava fazendo aquilo? Não era nenhuma Supermulher. Não queria ser a Supermulher. Não queria impressionar Arnie. Que lhe impor tava Arnie? Danny era muito superior a ele. Danny a aconselhara a não tentar a travessia. Por que não dera ouvidos a Danny? Se Danny estivesse remando ao seu lado, ela poderia segurar-se ao barco. Poderia terminar a travessia de barco. Mas Danny não estava lá. Só os seus braços continuavam a mexer-se, mas lhe era tão difícil erguê-los. Era preciso descansar.

De repente, viu-se tossindo e tentando manter a cabeça fora da água, em busca de ar. Tinha engolido água! Não devia afundar. Precisava continuara nadar. Não podia afogar-se. A mãe, iria sentir falta da mãe. E Donna. Amava a irmã. Donna podia ficar com Arnie. Ela sentiria falta da irmã. E principalmente sentiria falta do pai. Pobre papai. Quem iria caçar com ele? Eu não quero me afogar!

Estava cansada demais para prosseguir. Não dava mais para mover os braços. As pernas já não se moviam. Ia afundar. Dizem que são três vezes, e, quando a gente afunda pela terceira vez, não volta mais. já teria afundado duas vezes? Uma vez, talvez duas. Mas a terceira vez seria a última... e estava sendo agora.

Sentiu o braço forte em torno da sua cintura e pôde respirar novamente. A cabeça estava fora da água, e ela estava tossindo, mas conseguia respirar! Quem a estava segurando? Seria Danny? Voltou a cabeça... não, não era Danny. Era um homem que ela não conhecia, nadando com um dos braços enquanto segurava-a firmemente com o outro. Ela estava de costas, olhando para o céu, grata por estar viva e nas mãos de um nadador forte que a levava para a frente.

— Ainda falta muito? — indagou ela.

O homem não respondeu, e ela permaneceu calada. Ele não precisava falar. Precisava de toda a sua energia para nadar. Ela esperava que ele conseguisse. Mas sabia, sabia que ele não deixaria que ela se afogasse. Gale perdeu toda a noção de tempo; tinha consciência apenas do movimento da água sob o seu corpo e o céu acima da sua cabeça. Ouviu uma voz distante. Danny? Seria Danny? Onde estava ele? Mas depois não o ouviu mais.

De repente, o homem ao seu lado parou de nadar. Pôs-se de pé e ajudou-a a pisar terra firme. Ela olhou e viu a praia! Tinha chegado ao outro lado! Correu atordoada para a praia. Água pelos joelhos, depois os pés em terra seca. Ela riu. Algumas pessoas que faziam piquenique olharam-na com curiosidade. Não havia sinal de Donna ou de Arnie.

Voltou-se para a água para agradecer ao homem que salvara a sua vida, e não viu ninguém — exceto um bote a cinqüenta metros de distância, remado por um rapaz cuja voz ela havia escutado quando ainda estava na água. Danny.

— Gale! Você está bem? — Agitado, Danny saltou do barco e empurrou-o para a praia. Virou-se para ela, ofegante. — Perdi você de vista. Pensei que tivesse se afogado.

— Eu estou bem.

— Você conseguiu — disse ele —, mas não devia ter tentado. Não pude alugar um barco a tempo, mas você devia ter-me deixado remar ao seu lado. Devia...

Ela o interrompeu:

— Eu sei.

— O quê?

— Disse que você tinha razão. Eu devia ter deixado que você remasse ao meu lado.

— B-bom — gaguejou ele. — Seja como for, você conseguiu. Você disse que conseguiria fazer a travessia a nado, e fez. — E, abrindo um sorriso: — Supermulher.

— Nisso você não tem razão, Danny. Não sou nenhuma Supermulher. Alguém me salvou, alguém evitou que eu me afogasse. Trouxe-me para esta praia.

— Eu não vi ninguém.

— Era um homem que podia nadar sem ficar cansado.

— Onde está ele?

— Não sei.

— De onde veio?
— Apareceu de repente, vindo do nada.

Danny estava perplexo.

— Quem é ele?

Gale deu-lhe o sorriso mais radiante de todos.

— O meu anjo da guarda — disse ela.



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Do livro ANJOS ENTRE NÓS, de Don Fearheiley, que narra histórias de visitas de anjos baseadas em relatos reais.


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